Dia das Bruxas (ou Halloween)

Dia das Bruxas (ou Halloween)

Pois é… o Dia das Bruxas está quase aí. Ainda me lembro, quando era pequena, no Minho, ouvir cantar à porta da casa da minha avó “Bolinhos e bolinhós”. Se abríssemos a porta, corria tudo muito bem… se não, ui!, era um chorrilho de asneirada e achincalhamento como só no norte sabem fazer!
Independentemente da cantoria, havia sempre muitas partidas, que os vizinhos faziam uns aos outros. Lembro-me de ir à missa, no dia seguinte, e encontrar os vasos do vizinho na varanda de outro… e lembro-me das risotas de quem “não fui eu”.
Depois de ter ido morar para a cidade (e ter passado a adolescência e juventude) deixei de ligar a essa tradição e o Dia das Bruxas não fazia mais sentido. Até que, há uns anos atrás, algo em mim aconteceu… um milagre (“de Natal”).
Estava escuro e frio… e eu deitada no sofá, a ver televisão.
Grupos de crianças passavam pela nossa casa, batiam à porta… e eu fingia que não estava ninguém.
A Ca era bebé e dormia… e eu até apagava todas as luzes para esquecerem que existíamos…
Na rua, a barulheira era infernal!
Quando as crianças desapareceram, fui à janela.
“Mas que raio, com este frio anda esta canalha na rua! Já basaram?”
Foi então que vi uma abóbora – linda! – que a minha vizinha (do norte, que se diga) tinha colocado à entrada, e reparei na alegria com que ela voltava para casa com o saquinho das ofertas que tinha feito às crianças.
Ups!
“Carlota Scrooge… sua feia!”
Voltei para o sofá e escondi-me debaixo da manta, desta vez, com vergonha.
Senti-me pior que a personagem do conto do Charles Dickens.
Desde então, nunca mais repeti a façanha e todos os anos tenho umas coisinhas à espera das crianças. Entretanto, a Ca cresceu e também ela quer sempre organizar o seu jantar do Dia das Bruxas, cá em casa.
Dá-nos trabalho? Dá.
As miúdas são umas histéricas? São.
Suplicamos que não nos peçam para ir com elas bater de porta em porta? Sim!
Mas, no final, é maravilhoso ver a alegria com que elas celebram esta noite.
Por aqui, há muitos Scrooges, muitas portas que não abrem… e noto que, de ano para ano, há cada vez menos crianças na rua. Agora, refugiam-se, fazem a festa dentro de casa e não saem tanto à rua porque pouco acontece…
Tenho pena.
Pondo de parte a questão comercial e a “americanização” da coisa, esta não deixa de ser uma tradição nossa, também. Por isso, vamos exorcizar os medos da morte e fazer qualquer coisa nesta noite! Claro que, cá em casa, há jantarada. Claro que vai dar trabalho. Claro que vai haver gritaria… mas será que vamos com elas bater de porta em porta? Este ano, acho que vão sozinhas…
Nós, já andamos em congeminações! E para vos inspirar, aqui ficam umas imagens dos anos anteriores:
Luz negra no hall de entrada, teia (de compra; um saquinho deu para dois anos), algumas aranhas…
 
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Ratos por todo o lado, que recortámos em vinil preto e colámos em sítios estratégicos…
 
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E passamos do azul terrífico para o vermelho sangrento, no andar de cima…
Morcegos (recortados em cartolina preta e pendurados com fio de nylon), um candeeiro fantasma (feito com um lençol velho, rasgado e dois olhos recortados em vinil autocolante preto), mais teias e mais aranhas… a cor deste ambiente foi dada com um tecido de forro vermelho a envolver dois candeeiros de parede.
 
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Comidinhas… coisas pelas quais elas “se matam”, como salsichas – cachorros de dedos ensanguentados e múmias envolvidas em massa quebrada –, esparguete negro com carne picada e umas formigas grandes e negras.
 
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E para adoçar tanto terror, uma mousse de chocolate com bolacha ralada e larvas, abóboras tangerina e bananas fantasma.
 
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Depois disto, não me digam que não se sentem inspirados… Pelo menos, terão um saquinho de guloseimas, para o caso de vos baterem à porta, não?
Boa bruxaria! (Depois conto como foi a nossa 😉 )
Carlota

3 Comentários
  • Emilia nazareth
    Publicada às 11:20h, 21 Outubro Responder

    A vida também é feita de recordações umas mais felizes outras nem por isso. Mas o que vale a pena é realçar as mais felizes. Neste contexto…”se recordar é viver”, retomemos as velhas tradições que tão bons momentos nos proporcionaram na infância e vivam-las com muita intensidade e alegria tanto em família como na comunidade mais próxima (vizinhos, amigos). São excelentes oportunidades de aproximação e de fazer novas amizades.
    Viva o Dia das Bruxas!
    Gostei muito de mais uma história contada na primeira pessoa. Beijinho de parabéns e obrigada por este mini momento de leitura agradável que ela me proporcionou.
    Milú

    • Carlota
      Publicada às 21:42h, 22 Outubro Responder

      Beijinho, querida mãe!

  • Emilia nazareth
    Publicada às 11:22h, 21 Outubro Responder

    vivamo-las e não vivam-las

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