
14 Set Lisboa para gente como nós – I
Talvez já estejamos, muitos de nós, mentalizados de que as férias já lá vão e que resta, agora, aguardar pelas próximas. Hhhhmmm… ok… e se as próximas férias forem já amanhã ou no próximo fim-de-semana ou em todos os meses do ano? Quando publicámos os artigos “Nova Iorque para gente como nós – I e II”, apercebemo-nos de que é possível termos mais bons momentos, como aqueles em NYC, no nosso país e até mesmo na nossa cidade. Assim sendo, tirámos dois dias para vestir a pele de turistas em Lisboa e um terceiro ainda está para vir (porque foi mesmo divertido e ainda não fizemos tudo o que queríamos). Cada um de nós sugeriu uns quantos locais a visitar, fizemos um plano, colocámos a mochila às costas e lá fomos, de Cascais a Lisboa.
Dia 1
Primeira paragem: exposição do Banksy na Cordoaria Nacional. Não, sem antes tomar um café junto ao rio, onde aproveitámos também para experimentar andar de trotinete elétrica. O Marcelo instalou a aplicação no telemóvel e alugou três destas, da Lime. Não ficou barato, para 15 ou 20 minutos (do MAAT até à Cordoaria), mas foi bem divertido… e quando se está de férias, tem-se sempre uns trocos para umas diversões. Preparem-se para sofrer um pouco das costas, com o tremor na calçada.
A exposição “Bangsy – Genius or Vandal” é extensa e demorámos o resto da manhã nesta visita, mas deu para ficar a conhecer mais este artista, os seus trabalhos, o seu universo artístico, o percurso e as ideias/ideais. Ao lado está a da Pop Art, mas essa ficou para outra oportunidade, pois estávamos já em cima da hora de almoço.
E onde fomos nós almoçar?
Somos turistas, mas não uns turistas quaisquer! :-b Queríamos fugir dos restaurantes típicos, com menus e preços turísticos e lembrámo-nos das nossas queridas freiras – sim, são freiras. As freiras gerem uma cantina na Travessa do Ferragial, ao Chiado. Almoçámos aqui muitas vezes, quando frequentávamos a Faculdade de Belas Artes. A ementa é composta de pratos simples e despretensiosos, com menus a 3,5€ (quiche e salada, pataniscas de bacalhau, omoleta) ou pelos pratos do dia (carne e peixe). Para quem anda a passear é perfeito!… para quem trabalha ali, também… e para quem estuda, também…
Este espaço tem uma sala grande e – pasmem! – esta vista do terraço:
Claro que, a seguir, houve visita às Belas Artes – os pais pela nostalgia, a filha pelo interesse. Ainda deu para espreitar uma ou outra sala e oficina e é tão giro conhecer os “bastidores da arte”!
Outro local de referência – este, para o turista – o Mundo Fantástico da Sardinha Portuguesa, no Rossio. Uma loja bem gira, pertença da Comur – Fábrica de Conservas da Murtosa.
E depois, as compras, claro, que disto o pai nunca se livra! Entrámos na loja de roupa vintage “Ás de Espadas” e de lá não saímos sem trazer uma pecinha de roupa.
E, depois, foi a vez de “fazer o jeito” ao pai e demorar-nos um bocadinho na Sound Club Vinyl Store (uma loja de discos vinil em segunda mão, no Centro Comercial Espaço Chiado).
Entretanto, fazia-se já a hora do lanche e ainda queríamos subir ao Rato, passando pela loja Quer (na Rua da Escola Politécnica) para nos perdermos entre tanta coisa linda… e para a Cá lembrar o pai que ainda tem uma promessa a cumprir – AQUELA casa de bonecas, que agora já não servirá para brincar, mas para fazer decoração de interiores e albergar as suas criações. Ainda fomos à Papelaria Fernandes, no Largo do Rato, e terminámos a lanchar na Pastelaria 1800.
Dia 2
Fomos de comboio até ao Cais do Sodré e fizemos a Rua do Arsenal a pé até à Baixa. Passámos pela Loja das Conservas e pelo Rei do Bacalhau, pela Câmara Municipal de Lisboa e pela Praça do Comércio… e chegámos à Rua da Conceição, rua de retrosarias antigas. Entrámos em todas.
Pela altura em que lerem este artigo, já a Retrozaria J. R. da Silva terá encerrado portas. No dia em que a visitámos estava em liquidação total. O prédio vai servir outras funções, como muitos outros desta zona… Ainda cheguei a comprar lá umas coisas, quando estava na faculdade. Podemos dizer que fomos das suas últimas clientes…
E continuámos nesta espécie de “compras” turísticas. Claro, a segunda Papelaria Fernandes fazia parte da lista, até porque era nosso intuito adquirir já uns materiais para a escola.
Almoçámos no Armazéns do Chiado, fast food, para despachar. E neste segundo dia a nossa ideia era percorrer, ainda, a Calçada do Combro, seguida da Rua Poiais de São Bento, até à Assembleia. Entrámos na Livraria Antiquária do Calhariz e ali nos demorámos entre livros, postais e gravuras. A Cá trouxe uma gravura linda, de animais do bosque (vou tentar fotografar e colocar no Instagram das Coisas da Cá!
Depois, descobrimos o atelier galeria Joia PT e a galeria Apaixonarte, e foram a cerejinha no topo do bolo!
Logo a seguir, demos de caras com o Atelier-Museu Júlio Pomar, que aqui a Carlota há muito que queria visitar… mas, esse, acabou por ficar para outras “férias”. Por esta altura, o calor apertava, o cansaço já não dava tréguas e a barriguinha pedia um gelado fresquinho, antes de voltar a apanhar o comboio para casa.
O terceiro dia está prometido! E nós voltaremos a partilhar. Lisboa está linda! Muito diferente da Lisboa dos anos 90. Cheia de vida, de edifícios cuidados, de museus valorizados, de galerias modernas e muita arte urbana. Na calha ficou o Atelier-Museu do Júlio Pomar, um dos Jardins Botânicos (talvez o da Ajuda), o Museu do Design (agora encerrado para obras), o Museu de Artes Decorativas da Fundação Ricardo do Espírito Santo, a Fábrica do Braço de Prata (e umas quantas coisas ali em volta) e o Museu Nacional do Azulejo. Lisboa precisa dos mesmos dias que tivemos em Nova Iorque – se não mais… cinco, pelo menos, – se quiséssemos ainda ir aos bairros turísticos, miradouros e monumentos nacionais. Mas essa é a vantagem de podermos ser turistas na nossa cidade em qualquer altura! Não temos que ver tudo de uma empreitada só! Por nós ficou prometida mais uma “investida” ou duas. E, depois, Porto!
Fica aqui a sugestão para que façam o mesmo. Se se sentirem assoberbados com a rotina dos dias e com o trabalho… tirem umas férias, peguem na mochila e visitem Lisboa, ou a vossa cidade.
Bejufas e abraçucas aqui dos turistas locais,
Carlota, Marcelo e Cá
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