
08 Nov Como projetar um roupeiro eficiente
Se há coisa que eu adoro é um bom armário, roupeiro ou closet repleto de modernos sistemas de organização, gavetas de alturas variadas, prateleiras altas, baixas, largas e estreitas, cestos e caixas,… tudo feito para nos simplificar a vida e torná-la mais bela. Perco-me em lojas como a IKEA ou na Leroy Merlin a ver todos os detalhes e soluções cheias de estilo.
Há tempos pediram-nos para resolver uma situação num quarto grande (e lindo!), que implicava o desenho de um roupeiro que separasse a área de dormir de uma área de escritório. Quando adquirimos a nossa casa, projetámos toda a cozinha e o closet em função do nosso gosto e, sobretudo, das nossas necessidades. Aqui a Carlota pegou em papel e lápis, imaginou rotinas e movimentos, fez uma listinha das necessidades e dedicou umas boas horas a planificar e afinar todos os detalhes. Posso dizer-vos que, sem o saber na altura, hoje tenho a certeza de que fiz um bom trabalho (olha a modéstia…)! A confirmar isso, é o facto de a organização da cozinha se manter praticamente inalterada até hoje e os armários do closet já terem mudado de divisão sempre continuando a servir aqui a família da mesma eficiente forma. E já lá vão 13 anos. Podem ver como está o nosso closet hoje, aqui.
Foi por isso que, quando nos encomendaram este projeto, que implicava desenhar e planear um roupeiro à medida de um espaço muito especial, aceitámos o desafio. Pois se já o tínhamos feito uma vez, seríamos capazes de o fazer novamente. E está feito. Acabámos por desenvolver um roupeiro até mais complexo, que funciona como um closet, com uma parede divisória para o quarto e, do outro lado, como estante de escritório (ou zona de leitura).
Aproveito este trabalho para partilhar a minha experiência sobre como projetar um roupeiro eficiente. Ah sim, porque é impensável dirigirmo-nos a qualquer loja para encomendar o mobiliário sem antes sabermos bem o que precisamos. Digo-vos, vai dar asneira. É certo que algumas lojas têm peritos para nos aconselhar, mas se não levarmos uma parte do trabalho feita, a pressão de decidir fora de casa pode originar equívocos e, mais tarde, arrependimentos. Por isso, vou partilhar aqui o que aprendi com as minhas experiências e espero que este artigo vos venha a dar jeito, um destes dias.
Bom, e por onde começar quando estamos a projetar o roupeiro dos nossos sonhos?
Antes de mais, devemos listar tudo o que possuímos e temos por hábito usar: o nosso guarda-roupa é constituído por roupa mais casual ou mais formal? Temos muitos artigos de cerimónia? Usamos muitos vestidos compridos? Temos muitos fatos, muitas gravatas? Somos apaixonados por sapatos ou malas, possuindo uma grande quantidade destes artigos? Ou somos mais do género minimalistas e o nosso guarda-roupa resume-se a alguns básicos, um ou outro fato de cerimónia e os sapatos da estação? E roupa interior? E pijamas? E fardas, usamos? Praticamos algum desporto ou atividade que implique equipamento ou traje especial?
Eis o que fiz no desenvolvimento deste projeto: fotografei o roupeiro antigo deste casal e todos os artigos a organizar e informei-me acerca dos seus hábitos, rotinas, profissões e hobbies. Tudo, mesmo tudo, tem que constar dessa listinha de itens a organizar.
Feito o levantamento, chegamos à fase seguinte: tirar as medidas ao espaço disponível para colocar os armários e perceber que área sobra para circular, pois disso depende a decisão de colocar portas ou não, de correr ou de sacar,… Devemos ter em conta que armários para colocar cabides não devem ter menos do que 60cm de profundidade e que armários de prateleiras não podem ser demasiado profundos pois isso dificulta a visualização e manuseio dos artigos mais distantes; devemos ainda ter em conta que casacos e sobretudos ocupam mais volume (em todos os sentidos, se é que se pode dizer assim) e que saias compridas e vestidos precisam, também, de altura de armário maior (entre 140 a 160cm de altura); camisas e blusas entre 90cm e 110cm; casacos e saias entre 115cm e 120cm; Calceiros precisarão de cerca de 70cm de altura.
Neste design considerei, ainda, o posicionamento das peças conforme as vestimos: camisas, blusas e casacos em cima, calças e saias por baixo, senhora de um lado, homem do outro.
E passamos a outra fase: distribuir todos os itens tendo em conta a melhor forma de arrumação, que será aquela que mais gostamos e melhor nos serve. Lingerie e jóias em gavetas mais baixas? Sapatos em prateleiras? Gostamos de caixas fechadas? Preferimos cestos abertos? Este é o momento da tomada de decisões. Nesta fase, fiz um croqui onde fui colocando as divisórias, gavetas, prateleiras, calceiros e varões que seriam necessários, tendo em conta, claro, as medidas da área disponível. Piquei todos os itens da lista para garantir que não ficava nada de fora. Poderá ser considerada, ainda, uma área superior para arrumação de outras peças de menor uso (colchas, mantas, vestuário fora de estação,etc).
Devemos, também, considerar um espelho de corpo inteiro (em portas espelhadas, no interior de portas de sacar, numa das faces expostas do roupeiro, na parede, ou auto-portante).
Esta fase é maravilhosa porque já começamos a visualizar o resultado final e a sonhar com o dia em que teremos tudo organizado à nossa medida.
Por fim, podemos, então, decidir os restantes detalhes – materiais, cor, acabamento, estilo,… – de acordo com a estética do espaço ou de outro mobiliário existente, e adquirir ou mandar fazer todas as peças ou, ainda, fazer a estrutura base e adquirir cestos, varões, calceiros, etc. (neste caso, sugiro ter a certeza do que se vai comprar para garantir que as medidas não falham; e para fazer uma estrutura de roupeiro é necessário possuir ferramentas adequadas e uma boa área para trabalhar).
Dependendo do espaço, podemos incluir ainda uma banqueta, uma cómoda extra, uma bancada central para dobrar roupa ou arrumar outros itens (perfumes, cremes, etc), um cesto para a roupa suja e um pequeno caixote do lixo para colocar etiquetas, lenços de papel, algodão, coisas perdidas nos bolsos.
Julgo que não me esqueço de mais nenhum detalhe…
Parece básico, mas sei que muita gente se atiraria na compra de um roupeiro sem qualquer planeamento, com quase certo arrependimento futuro ou vontade de alterar decisões tomadas. Terei razão? Valeu, as dicas? E o que acham desta solução que hoje partilhamos? Podem comentar ou colocar questões. Teremos gosto em ajudar e saber o que vos vai na alma.
Com abraços,
Carlota
maria fatima carvalho
Publicada às 17:50h, 08 NovembroQuem sabe se para o próximo ano não vou precisar dos vossos préstimos e conselhos?!!